Abstract: The article analyzes the dichotomy between translator/translation and author/”original”, considering the stance of the traditional critique, represented here by the Mauricio Santana Dias´ appreciation to the translation of Dante Alighieri´s Divina Comedia, done by Italo Eugenio Mauro; Carlos Heitor Cony´s appreciation to the translation of Edgar Allan Poe´s “The raven”, done by Milton Amado; some exemplary cases where the translation and “original” get confused, like the translations did by Charles Baudelaire for Poe´s stories, highlighting “Morella”, and Daniel Gagnon´s works Une fille a marie and The daughter to marriage; the question of copyrights and Jacques Derrida´s argument about translation and “original” contained in “Des Tours de Babel”, text that retakes the classic “Die Aufgabe des Übersetzers”, by Walter Benjamin. Based on the discourse analysis, the deconstruction and post-colonial concepts of translation, our objective was to show that the translated works can not be found, necessarily, on a lower level in terms of literary quality in relation to the “original” – in many cases, when what we call “formal elements of distinction” are not present, it is not possible to distinguish “original” and translation. Therefore we conclude from the presumption that literary inferiority would be a characteristic of translation – premise that the traditional critique has been supported to justify its negative evaluations of the translation – does not make any sense.
Keywords: literary translation; deconstruction; post-colonialism.
A dicotomia tradutor/autor na leitura de
“A tarefa do tradutor”, de Benjamin, por Derrida[1]
Resumo: O presente artigo analisa a dicotomia entre
tradutor/tradução (texto de chegada) e autor/original (texto de partida),
considerando a postura da crítica tradicional, representada aqui pela
apreciação de Maurício Santana Dias à tradução de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, empreendida por Italo Eugênio
Mauro e de Carlos Heitor Cony e Ivo Barroso a traduções do poema O Corvo, de Edgar Allan Poe; alguns
casos exemplares em que tradução e original se confundem, como a tradução que
Charles Baudelaire fez dos contos de Edgard Allan Poe e a obra de Daniel Gagnon,
Une fille a marie e The daughter to marriage, uma mesma
história escrita pelo mesmo autor em duas línguas diferentes; a questão dos
direitos autorais e a discussão de Jacques Derrida sobre tradução e original e
a tarefa do tradutor, contida em “Des Tours de Babel”, texto em que retoma o
clássico “A tarefa do tradutor” (Die Aufgabe des
Übersetzers), de Walter Benjamin.
Partindo da análise de discurso, da desconstrução e dos conceitos pós-coloniais
de tradução, nosso objetivo foi demonstrar que as obras traduzidas não se
encontram, necessariamente, em patamar inferior, em termos de qualidade
literária, em relação à obra de partida, ressaltando que, em muitos casos,
quando não se dispõe do que chamamos “elementos formais de distinção”, não é
possível distinguir original de tradução. Logo, concluímos, partir do
pressuposto de que inferioridade literária seria característica de tradução –
premissa em que a crítica tradicional tem se apoiado para justificar suas
avaliações negativas das traduções – não faz sentido algum.
Palavras-chave: tradução literária; desconstrução; pós-colonialismo.
[1] Este
trabalho é resultante de pesquisa financiada pelo CNPq, instituição à qual
agradeço.
Vanete Santana-Dezmann é professora, pesquisadora e tradutora. Juntamente com John Milton, é responsável pelas Jornadas Monteiro Lobato USP-JGU. Tem pós-doutorado em Estudos da Tradução pela Universidade de São Paulo, com estágio de pesquisa no Goethe-Museum de Düsseldorf; doutorado em Teorias de Tradução pela Universidade de Campinas e mestrado na mesma área, também pela Universidade de Campinas, onde se graduou em Letras.
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